08 abril 2018

enquanto dormíamos

Por estes dias temos no nosso airbnb uma família húngara. Moram numa cidade no Mar do Norte, a 350 km de Berlim. Ainda na rua, enquanto tiravam as crianças e as malas do carro, disseram-me que vieram a Berlim para votar.

Perguntei-lhes (ai! esta minha boca grande...) se vão pôr a cruzinha num quadrado de jeito.
"Nós sabemos bem em quem vamos votar", disse um deles, com um ar triste, "mas tememos que ganhe de novo o rei do costume."
Ainda há disto? Pessoas que fazem 700 km para participar numa luta que lhes parece estar perdida de antemão?

Larguei o comentário do costume: "A Europa está a ir por caminhos estranhos. Não dá para compreender, depois de todas estas décadas em que parecia que a História estava realmente a mudar..."

"Vocês andaram a dormir", disse o Matthias, que os tinha vindo cumprimentar. "Não se deram conta do que se agitava sob a superfície."
"E agora somos nós quem vai ter de resolver o problema!", rematou a Christina.

Bem, pelo menos tenho estes dois para resolverem os problemas, e mais o casal que faz 700 km para votar. O futuro podia estar em piores mãos.



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